[Diário Cultural de ontem. Não sei, sinceramente, como não citei “Amor”, dos Secos & Molhados nessa resenha.]
Com extremo bom gosto, o poeta e diretor de arte Marcelo Sahea publica seu terceiro título, “Leve”. “Poemas visuais de verdade”, como afirma o bamba Ademir Assunção.

Muito se tem usado a poesia visual – e outras formas de expressão artística próximas – para a propagação de “obras” ruins, tendo em vista a liberdade do uso – e da disposição – de palavras e/ou imagens numa página em branco. Poesia visual é muito mais que ocupar os espaços em branco de uma página.
O carioca Marcelo Sahea (foto em http://olhodeboi.nafoto.net) não tem nada a ver com o parágrafo acima. Tomei conhecimento de seu trabalho na revista Coyote – essa última, de número 13, da qual já falei outras vezes aqui – onde eram apresentados alguns poemas que compõem o mais novo livro do poeta, “Leve”. Sahea, que é, além de poeta e carioca, vive em Brasília e é diretor de arte em publicidade, parece caminhar no rumo contrário dos versos do maranhense Zeca Baleiro: “o riso de malandro / não disfarça o otário / outrora poeta / hoje publicitário”.
O poeta Ademir Assunção (link ao lado), um dos editores da citada Coyote, diz assim na orelha de “Leve”: “…volta e meia me deparo com algo novo de Marcelo Sahea e me animo. Poemas visuais de verdade”. O homem que no ano passado botou na rua sua“Rebelião na Zona Fantasma” – ótimo disco de música e poesia – acerta mais uma vez. É sempre assim.
Trilha(s)
O primeiro livro de Marcelo Sahea foi o e-book (livro eletrônico) “´ejs” (representação fonética da palavra “eis” segundo os parâmetros da Associação Fonética Internacional). Publicado em 2001, o livro rendeu quinze mil downloads (número fabuloso em se tratando de poesia, virtual, visual) e um pequeno público interessado. Ele seguiu em frente e dois anos depois publicou “carne viva”, no mesmo formato eletrônico. Bem aceito, logo virou livro e registra uma série de estudos mais profundos com a palavra. Daí o título, nada é à toa: quem o comprava pelo correio, recebia a obra envolta em gaze e esparadrapo.
“Leve” é seu terceiro título, bancado do próprio bolso, ele que não tem ido procurar editoras: “Se pintar interesse de alguma, ótimo. Mas não me preocupo com isso”, afirma. Ótimo, penso.
Com vocês, Marcelo Sahea
Abaixo um poema de “Leve”, “rai cai”:
tento um hai kai
desisto quando
um raio cai
Serviço
O quê: “Leve”, livro, poesia visual
Quem: o poeta e diretor de arte Marcelo Sahea
Quanto, onde: sob consulta pelo e-mail sahea@hotmail.com