Uma não-resposta à pergunta pode ser conferida no show A palavra voando, em que o poeta Celso Borges retira a melodia de 20 letras da música popular brasileira e as (re)lê/(re)diz/recita com trilhas criadas pelo músico/DJ Beto Ehongue.
Amanhã, no Cine Ímpar, detalhes abaixo:
Quem diz que letra não é poesia dá uma definição de poesia a partir do que chamamos poema, como se esse fosse o único texto poético realmente válido. Como se a estética musical anulasse a estética literária de uma letra. Esse é o equívoco.
O poema “Morte e Vida Severina” já tem em si tudo o que precisamos para ver poesia nele, mas sua musicalização e encenação teatral não anulou sua expressão literária, antes, acrescentou a ela outros elementos estéticos. Por que então um verso cantado não pode ser a expressão literária de uma poesia acrescentada de (ou complementada pela) estética musical?
letra de música é poesia? depende da letra de música. esse é o exercício do show da dupla celso borges e beto ehongue, que vale a pena conferir, sempre, carlos alê. obrigado pela visita e comentários. abração!
Depende do conceito que se tem de poesia. Ninguém diz mas essa discussão é apenas valorativa. Letra de música é poesia popular como são a trova literária e as poesias regionais tais como a payada, o repente, o cururu ou um letrista pode se equiparar aos grandes nomes da poesia erudita? Essa é a discussão que ninguém quer admitir uma vez que, em muitos casos, a letra de música sequer foge ao conceito tradicional de poema e quando faz isso não deixa de ser poesia.
esse é o lance, carlos: quando digo depende, refiro-me à qualidade. isto é, tem poesia que não é poesia, como tem letra de música que não é letra de música etc. abração!