
O Brasil é um país de cantoras e Blubell é uma das mais originais deste vasto universo entre as surgidas neste início de século. Quem tiver ouvidos, ouça: Confissões de camarim [2016], seu quinto disco de carreira, é uma confirmação disso.
Luz vermelha, clima de cabaré, mas sem fossa, Blubell estreita a aproximação com o universo do jazz, que permeia todo o disco, inteiramente composto solitariamente por ela – as exceções são Pretexto (de Pélico e toco.na.escuta) e A tardinha, parceria com Zeca Baleiro, cantada em dueto com o maranhense, inexplicável e infelizmente ausente da versão física do disco.
Vida em vermelho, que abre o álbum, é um abolerado ska com diminutivos de bossa nova: “ando acordando cedinho/ junto com os passarinhos/ e nem é porque o dia tá brilhando/ brilhando estão meus olhinhos”, canta, para deixar os ouvintes com um brilho bobo nos olhos.
“Diva é a mãe”, afirmou no título de um disco anterior [2013], mas é impossível não classificá-la assim. Canta em português e inglês com igual desenvoltura – em 2012, pelo ótimo Blubell & Black Tie, levou o Prêmio da Música Brasileira de melhor álbum em língua estrangeira –, acompanhada por Estevan Sinkowitz (guitarra), Daniel Grajew (teclados), Carlinhos Mazzoni (bateria) e Márcio Arantes (contrabaixo, guitarra, samples e produção) e Igor Pimenta (contrabaixo), a banda base, com aparições de Mário Manga (violoncelos em Another day e vocais em Bolero do bem).
Bolero do bem é uma anti-fossa: “essa ideia de louco/ de juntar trapos sem muito esperar/ dividir teto sem ir pro altar/ e não podia ser outro lugar/ agora esse é meu lugar/ pois eu sei/ que você só me faz bem”.
We’re all alone, como entrega o título, trata de solidão. Com adesão de Moustache e os Apaches, é cheia de referências – Bonnie, Clide, Al Capone, François Truffaut, Antoine Doinel, Brigitte Bardot e Emanuelle “estavam todos sozinhos”, diz a letra em inglês.
Para aplacar a solidão e a consequente tristeza, Confissões de camarim na vitrola. “Se a vida anda cheia de sombra/ vamos tratar de acender mais luz”, convida Blubell em No camarim, para em seguida afirmar, anti-bossa nova: “aqui no meu camarim/ não tem vibração ruim/ aqui tristeza tem fim sim”.
Veja o clipe de Vida em vermelho (Blubell):
Prezado, Zema Ribeiro:
Aceite meus parabéns, irmanados aos meus abraços fraternos. Sou seu leitor!
Wybson Carvalho.
obrigado, grande wybson! abração!